HOMENAGEM ESPÍRITA AO CASAL
ALCIDES HORTÊNCIO E MELÂNIA DE AZEVEDO LEITE HORTÊNCIO
Artigo escrito por Geziel
Andrade, Leontina Laurentino (Tyleia) e Lêda Therezinha Dorin.
FOTO 1 = Melânia ao piano e Alcides Hortêncio.
FOTO 2 = Alcides Hortêncio em pé à direita no almoço do Natal dos Detentos.
FOTO 3 = Alcides Hortêncio, Emanoel Andrade, Dionísia, Nelson Mangili, pessoa não identificada, Malvezi, pessoa não identificada, pessoa não identificada, Nair Gonçalves, Sílvia A. Chiavegato Andrade, Eide Guidotti da Silva, Maria Joana e menino Ricardo, em setembro de 1983.
FOTO 4 = Zeca Andrade, Ivani Nunes Haffman, Alcides Hortêncio e Emanoel Andrade, em setembro de 1983.
FOTO 5 = Nelson Mangili, Delegado Dr. Ciro Vidal, Juca de Andrade, Alcides Hortêncio, Mário Adolfo e Otaviano Filomeno, no Natal dos Detentos da Cadeia Pública, em 21 de dezembro de 1975.
FOTO 6 = Dedicatórias com assinatura de Alcides Hortêncio.
FOTO 7 = Alcides Hortêncio à direita, ao lado de Carmela Andrade, junto com a diretoria do Centro Espírita Jesus e Caridade, no Natal de 25 de dezembro de 1946.
FOTO 8 = Alcides Hortêncio, Melânia Hortêncio, Delegado Dr. Ciro Vidal, papai Noel e Juca de Andrade, no Natal dos Detentos de 21 de dezembro de 1975.
As realizações espíritas do
casal Alcides e Melânia Hortêncio estiveram muito ligadas às atividades e
expansão da Mocidade Espírita de Mogi Mirim, fundada em 15 de novembro de 1947.
Alcides Hortêncio nasceu em
01 de outubro de 1907, na cidade de Campinas-SP. Foi filho de Onório Hortêncio
e Benedita Bueno Hortêncio.
Melânia de Azevedo Leite
Hortêncio nasceu Casa Branca –SP, em 05 de maio de 1913. Suas habilidades
musicais começaram a ser desenvolvidas pelo seu pai, o maestro João Luiz de
Azevedo Leite. Por sinal, todos os seus filhos foram músicos.
A Mocidade Espírita de Mogi
Mirim surgiu da necessidade que alguns idealistas espíritas da localidade sentiram
de proporcionar aos moços, jovens e crianças um local para reunião, aprendizado
e prática da Doutrina Espírita, nos seus três aspectos: científico, filosófico
e religioso.
Entre esses idealistas atuavam
José Campos Guedes, José Antonio Andrade Júnior (Juca de Andrade), Carmela
Andrade, Risoleta Ladeira Andrade, José Franco de Oliveira, Joaquim Macedo,
Dulfe de Andrade, Benedito Luiz Marcelo, Benedito Aparecido Tavares, Antonio
Motta Júnior, José Andrade (Zeca), Maria José Ladeira Andrade, Joaquim Macedo,
Oscarlino Massuci, Yolanda Massuci, Ayrton Andrade, Edson Andrade, dentre
outros.
As atividades da Mocidade
Espírita se iniciaram e se desenvolveram nos porões da casa do casal Yolanda e
Oscarlino Massucci, que foram importantes pioneiros do Espiritismo em Mogi
Mirim.
Desde então, houve um rápido
crescimento do número de frequentadores e de atividades espíritas, exigindo
providências no sentido de melhorar as instalações.
A expansão da programação
espírita para os assíduos jovens fez com que o casal Alcides e Melânia, (que
não tinha e nem teve filho), perceber a necessidade de adquirir uma sede
própria para instalar a Mocidade Espírita em melhores condições de acolhida e funcionamento.
Com isso, na década de 1950,
o casal comprou, registrou e doou uma casa existente ao lado de sua residência,
na Rua 13 de Maio, 89.
Até hoje, esse imóvel abriga
a Instituição em boas condições de funcionamento, propiciando a formação,
educação, cultura e prática espírita para muitas crianças e muitos jovens, que
se ligaram permanentemente à Mocidade Espírita.
Por residir no imóvel ao
lado, o casal Alcides e Melânia acompanhava o tempo todo o funcionamento e as
necessidades de expansão da Entidade.
Pela facilidade de acesso ao local, dava plena
dedicação ao engrandecimento da Mocidade Espírita, considerando as crianças, os
jovens e moços que frequentavam a Instituição como se fossem filhos do casal.
Com a experiência, didática
e métodos de ensino de professora da rede pública, Melânia desenvolveu inúmeras
atividades culturais, teatro, jograis e declamações para o ensino e prática da
Doutrina Espírita.
Com isso, as crianças e os jovens tinham um aprendizado dos
princípios espíritas em condições instrutivas, agradáveis e divertidas.
Por outro lado, Alcides cuidava
das explanações do Evangelho. Seu trabalho de evangelização dos jovens garantia
a formação do caráter deles dentro dos princípios religiosos e morais de Jesus.
Com o decorrer do tempo, a
Mocidade Espírita passou também a realizar trabalhos espíritas de atendimento
fraterno ao público em geral, passes, vibrações espirituais e reuniões
mediúnicas. Para dar suporte a isso, foi fundado no mesmo prédio o Centro
Espírita Apóstolo Paulo.
Graças aos notáveis dotes
musicais, facilidade para o canto e domínio do piano, Melânia, como professora de
música e compositora, organizou um maravilhoso coral para abrilhantar as
reuniões, aulas de evangelização, conferências, confraternizações e
concentrações espíritas. Nesse coral, Alcides tinha uma participação destacada
com sua potente voz de barítono.
Com o sucesso, surgiram então
inúmeros convites para o coral realizar a parte artística em palestras e
eventos na localidade e nas cidades da região.
Até hoje, o coral da
Mocidade Espírita cumpre a sua tarefa brilhante, encantando o público com suas lindas
apresentações musicais. Isso pode ser constatado em:
Adicionalmente, na Mocidade Espírita
foi formada uma biblioteca para o empréstimo de livros espíritas para o público
em geral.
Inclusive os presidiários da cadeia local foram bastante
beneficiados, pois encontraram conhecimentos novos, estímulos à prática do bem,
consolação e esperança.
As orientações religiosas, morais e filosóficas do
Espiritismo, contidas nos livros, despertaram consciências para a verdadeira
finalidade da vida, as consequências da falta de virtudes e as formas de
amenizar sofrimentos e aflições, além do fortalecimento da fé e da esperança.
Essa
biblioteca presta até hoje serviços à comunidade, com seu enorme acervo para
empréstimos.
Na Mocidade Espírita foi
implantado ainda pelo casal Alcides e Melânia um Curso Promocional das
Gestantes, visando à confecção de enxovais para bebês. Isso qualificou muitas
mulheres com o aprendizado da arte da costura.
Esse trabalho de assistência
social junto às gestantes carentes era complementado com o ensino e palestras
por parte de professores, profissionais, assistentes sociais e com o fornecimento
dos materiais necessários à confecção das roupinhas infantis.
Paralelamente a isso, a
Mocidade Espírita desenvolvia um importante trabalho fraterno, solidário e
assistencial. Os corações dos dirigentes e frequentadores estavam voltados para
a prática da caridade e a busca do bem-estar do próximo, abrangendo:
· Visitas
aos detentos da cadeia pública municipal. Levava-se a eles livros, mensagens,
palavras de orientação religiosa, espiritual e moral, além de lanches. O
objetivo era a busca da recuperação moral dos irmãos infratores. Essa visita na
cadeia foi realizada até a metade dos anos de 1980, época em que a convivência
com os detentos, no pátio da extinta cadeia pública de Mogi Mirim, não representava
qualquer perigo ou ameaça à segurança dos visitantes.
· Auxílio
às famílias necessitadas de alimentos e recursos materiais. Buscava-se a
melhoria na qualidade de vida de muitas pessoas carentes que moravam da
localidade.
· Realização
de bazares beneficentes e pechinchões. Os recursos que eram levantados financiavam
os diversos programas de assistência social da Entidade.
· Promoção
do natal para as famílias pobres. Às crianças eram oferecidos brinquedos e produtos
infantis para a alegria delas e a comemoração do nascimento de Jesus.
· Organização
do Natal dos detentos. Para isto, a Mocidade Espírita contava com uma boa
infra-estrutura e tinha o apoio de outras Entidades e Casas Espíritas da
localidade. Esse programa durou por décadas, graças ao apoio de Juízes,
promotores, delegados, carcereiros e funcionários públicos. Todos faziam
questão de participar da festa. O almoço de Natal era servido de modo a fortalecer
a dignidade e o caráter dos detentos. Na ocasião, desfrutavam da proximidade de
seus familiares. Durante o almoço, os detentos ficavam juntos com seus entes
queridos, em mesas independentes, curtindo a aproximação. As crianças de cada
família recebiam presentes, embrulhados com carinho por membros da Mocidade
Espírita. Cada contemplado, ao ouvir o seu nome ser pronunciado, arregalava os
olhos de curiosidade, surpresa e alegria. Havia a quebra da cena de triste
separação dentro da própria família.
Além do clima de muita descontração e alegria, havia a fartura de alimentos e o
desfrute de momentos inesquecíveis de relacionamento e fraternidade.
Preocupada em estreitar e fortalecer
as relações com entidades espíritas, Melânia organizou ainda uma visita
fraterna semanal aos internados no Lar Espírita Maria de Nazaré e no Abrigo
para Idosos Juca de Andrade.
Com isso, passou a levar a eles a presença amiga,
bem como oferecer recursos fluídicos espirituais que amenizavam suas limitações
físicas ou mentais. Esse trabalho é ainda realizado até os dias atuais por
membros da Mocidade Espírita, às segundas-feiras, no período da tarde, com
resultados gratificantes.
Ao longo dessa existência
profícua, a Mocidade Espírita passou por diversas reformas, pinturas e obras de
conservação. Ganhou no espaço ocioso existente no fundo do terreno, a
construção de um amplo salão nobre, utilizado para projeções cinematográficas,
reuniões e conferências espíritas.
Em 2007, o espaço físico da Mocidade
Espírita foi ainda mais ampliado com a aquisição de um terreno ao lado de sua
sede própria, abrindo o caminho para uma futura ampliação.
Além de sua grande dedicação
à Mocidade Espírita, com seu dinamismo, Alcides Hortêncio teve importante
atuação na:
· Fundação
da USE – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, para o fortalecimento
e engrandecimento do movimento espírita.
· Maçonaria,
com sua iniciação, em 13 de dezembro de 1957, na Loja “Deus, Justiça e
Caridade, no Oriente de Itapira-SP. Em 23 de março de 1963, filiou-se à Loja
Maçonica “Conselheiro Ramalho, de Mogi Mirim-SP, na qual subiu na hierarquia pela
conquista de méritos e respeitabilidade.
HOMENAGEM A ALCIDES E
MELÂNIA HORTÊNCIO
Nesta oportunidade, pela
história de vida e legado deixado, prestamos esta justa homenagem ao casal
Alcides e Melânia Hortêncio.
A Mocidade Espírita, bem
como o movimento espírita de Mogi Mirim, experimentaram sensível
engrandecimento com as atitudes, ações e obras de Alcides e Melânia, até a data
do falecimento, respectivamente, em 09 de novembro de 1985 e 28 de maio de 1991.
A presença atuante, ininterrupta
e zelosa desse casal à frente da Mocidade Espírita e do movimento espírita da
localidade beneficiou a vida de muitas pessoas, deixando lembranças e realizações
que até hoje marcam as práticas espíritas e filantrópicas.
Em fevereiro de 1997, a
Mocidade Espírita teve o seu nome alterado para Mocidade Espírita de Mogi Mirim
Alcides Hortêncio, ocorrendo ao mesmo tempo a sua unificação ao Centro Espírita
Apóstolo Paulo, fundado também em 1947.
Alcides e Melânia conquistaram
a admiração e o respeito dos Mogianos, pelos exemplos deixados de prática do
bem e pelo espírito nobre e elevado que sempre exteriorizaram.
Suas realizações revelaram o
amor que tinham pelo próximo e até hoje as suas ações no campo do trabalho e do
bem geram bons frutos.
O espírito fraterno e marcante
desse casal ficou muito bem expresso nas seguintes letras das músicas que
adoravam:
PAZ E ALEGRIA
Letra de Alcides Hortêncio
Música do professor João
Luiz de Azevedo Leite (Pai de Melânia)
I
“Paz e Alegria” é o hino que
nos vem d’alma vibrante.
Lema da nossa conduta no
trabalho edificante.
Jesus é a Luz do Mundo:
Ergamos nossa consciência,
Para o “amai-vos uns aos
outros” de que o Evangelho é a essência.
CÔRO:
Despertai, ó vós que dormis,
Na matéria perecível.
Caminhai no reino da luz,
Da ventura inesquecível.
BIS
II
Trabalhemos em harmonia para
o bem da humanidade,
Aprimorando o espírito e
praticando a caridade.
Resgatemos nossas faltas do
passado tenebroso.
Subamos aos mundos felizes
de paz, alegria e gozo.
III
Deus é a Verdade Eterna,
Amor, Bondade e Luz.
Chegai ao aprisco, ovelhas
conduzidas por Jesus.
Ouvi o clarim da alvorada
que o sol já anuncia.
No seio da Juventude há
sempre Paz e Alegria!
HINO À MOCIDADE ESPÍRITA
Letra e música de Melânia de
Azevedo Leite Hortêncio
I
Idealistas se reuniram membro
a membro.
E sob a luz que o Alto
sempre reflete,
No festejado dia quinze de
novembro,
De um mil, novecentos e
quarenta e sete,
Com o sentimento da
fraternidade,
Qual flor que nasce em um
nobre jardim,
Surgiu a radiosa Mocidade,
Que é a Espírita de Mogi
Mirim.
II
“Paz e Alegria” é o seu lema.
E para divinal beleza,
Do Evangelho tira o tema
De doutrinária pureza.
Glória, entusiástica
Mocidade.
Que em sua trajetória de luz,
A Kardec conserva Lealdade,
E recebe as bênçãos de
Jesus.
Que o seu dever seja cumprido
até o fim.
Salve, MOCIDADE ESPÍRITA DE
MOGI MIRIM.